A civilização do espetáculo
"... Os profissionais do lazer ocupam hoje o papel exercido em outros tempos pelos intelectuais. A razão é muito simples: vivemos numa civilização do espetáculo. As imagens passaram a ser muito mais importantes do que as idéias para as pessoas e, conseqüentemente, também para a vida cívica. O que acontece nos EUA, antecipa o que, mais cedo ou mais tarde, será imitado pelo resto do mundo e, de fato, já está começando a ocorrer, pois, em todas as partes, as disputas eleitorais se decidem cada vez mais em função da publicidade e cada vez menos por causa dos programas e razões propostos pelos candidatos. O essencial nestas disputas não são as propostas em jogo, mas a maneira como estas propostas chegam ao eleitor, convertidas em slogans, cartazes, anúncios breves divulgados pelo rádio e pela televisão. Isso não quer dizer que a forma crie o conteúdo, como nas obras literárias e artísticas. Neste caso, a forma faz as vezes de conteúdo e permite prescindir dele..."
"... O que a campanha vende do candidato, acima de tudo (e, em alguns casos, exclusivamente), são meras imagens, não conteúdos, mas puras aparências. Os eleitores sabem disso e não se importam. Mais ainda: esperam isso.
As eleições adotam a forma de uma animada ficção, de um jogo de fingimentos e disfarces, de manipulação, de emoções e ilusões, nas quais triunfa, não aquele que está dotado de melhores idéias e programas ou de maior poder de convencimento, mas o que atua melhor e encarna de maneira mais persuasiva o personagem que os técnicos da publicidade fabricaram porque, na na sua opinião, é o mais vendável. E quem faria este papel melhor do que um profissional do espetáculo?...
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