4.2.04

Toma-me
Hilda Hilst

Toma-me.
A tua boca de linho sobre a minha boca Austera.
Toma-me AGORA, ANTES
Antes que a carnadura se desfa?a em sangue, antes
Da morte, amor, da minha morte, toma-me
Crava a tua m?o, respira meu sopro, deglute
Em cad?ncia minha escura agonia.
Tempo do corpo este tempo. Da fome
Do de dentro. Corpo se conhecendo, lento,
Um sol de diamante alimentando o ventre,
O leite da tua carne, a minha
Fugidia.
E sobre n?s este tempo futuro urdindo
Urdindo a grande teia. Sobre n?s a vida
A vida se derramando. C?clica. Escorrendo.
Te descobres vivo sob um jogo novo.
Te ordenas. E eu delinq?escida: amor, amor,
Antes do muro, antes da terra, devo
Devo gritar a minha palavra, uma encantada
Ilharga
Na c?lida textura de um rochedo. Devo gritar
Digo para mim mesma. Mas ao teu lado me estendo
Imensa
De p?rpura. De prata. De delicadeza.

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